Pascoal Nero e Cª.
Informação não tratada arquivisticamente.
Nível de descrição
Subfundo
Código de referência
PT/CMS/FIC-SFPNRC
Tipo de título
Formal
Título
Pascoal Nero e Cª.
Datas de produção
1914
a
1936
Suporte
Papel
História administrativa/biográfica/familiar
A fábrica Nero & Cª (Sucessores) Ldª. foi uma das conserveiras mais emblemáticas de Sesimbra, constituindo uma espécie de berço das restantes que foram fundadas nesta vila. As suas raízes remontam à firma Paschoal, Nero & Companhia, fundada em 1912, e cuja laboração se iniciaria a 15 de Junho desse ano, por Amadeu Henrique Nero, José Joaquim Pascoal, Artur Duarte Borges, Manuel Caetano da Silva e Leandro da Silva Pereira.Esta empresa tinha um capital social de 2 mil escudos e era dividida em 5 quotas iguais de 400 escudos.A 22 de Janeiro de 1917, observa-se a saída de José Joaquim Pascoal, e a empresa passa a ter a designação social de Borges, Nero & Cª. O capital social da empresa mantém-se, passando a ser dividido por 4 quotas de 500 escudos.Com a saída de Artur Duarte Borges, a 17 de Agosto de 1918, que iria fundar uma conserveira com o seu nome, esta empresa passaria a ser denominada Nero & Cª. A firma manteria o mesmo capital social, só que este seria repartido de uma forma diferente: 2 quotas de 666 escudos e 67 cêntimos e 1 quota de 666 escudos e 66 cêntimos, esta última pertencente a Leandro da Silva Pereira.A 6 de Agosto de 1920, seria feita nova escritura para aumento de capital, que passaria dos anteriores 2 mil escudos para 15 mil escudos, repartido por 3 quotas de 5 mil escudos.A 21 de Janeiro de 1928, Amadeu Henrique Nero compraria as quotas dos seus dois sócios, pelo valor de 9 mil escudos a cada um, passando a ser detentor de todo o activo e passivo da empresa que, contudo manteve a mesma designação social.A 19 de Maio de 1932, é extinta a Nero & Cª e 15 de Junho do mesmo ano é constituída uma nova empresa, a Nero & Cª. (Sucessor) Ldª., cujo capital social era de 50 mil escudos e contava com 4 sócios: Amadeu Henrique Nero (com quota de 20 mil escudos), Milton Albuquerque Freire da Cruz (com uma quota de 10 mil escudos), Caetano Joaquim dos Reis (com uma quota de 10 mil escudos) e João Lobato Diniz (com quota de 10 mil escudos). Amadeu Henrique Nero era, pois, o sócio maioritário.Em caso de morte ou interdição de Amadeu Henrique Nero, os seus herdeiros ou descendentes ficariam a gerir a sociedade. E foi assim que, paulatinamente, a empresa veio parar às mãos do filho de Amadeu Henrique Nero, Amadeu Rodrigues Nero, embora este tivesse vindo a adquirir a quota de um dos sócios do seu pai.Quando o filho do industrial sesimbrense adquiriu a quota de um dos sócios da empresa, esta passou apenas a contar com dois sócios: o pai, Amadeu Henrique Nero, representante maioritário, e o filho, Amadeu Rodrigues Nero, representante minoritário.Após a morte do patriarca, o seu filho passaria a ser herdeiro de 98% da empresa, sendo a sua viúva legatária dos restantes 2%. Após a morte de Amadeu Rodrigues Nero, a sua quota ficou indivisa para os seus herdeiros, entre os quais José Nero que, ainda hoje, continuam o mesmo ofício da produção industrial de conservas de peixe.A empresa de Amadeu Henrique Nero, situada na Rua Manuel de Arriaga, era também conhecida, em Sesimbra, pela fábrica A Persistente, e popularmente famosa como a «fábrica do burro», por utilizar um burro no transporte do peixe desde a lota à unidade fabril.A Persistente estava ligada a uma característica da família Nero: a persistência. Na verdade, a família Nero era proveniente de Sardenha, tendo emigrado para Portugal em busca de peixe para exportar, de modo a alimentar uma indústria de prensados de sardinhas salgadas ou polvo seco, por volta do século XVII. Na verdade, era habitual as fábricas serem conhecidas por nomes que nada tinham a ver com a sua designação social. José Nero, herdeiro e seguidor do seu avô, Amadeu Henrique Nero, admite que o epíteto de A Persistente, não foi muito marcante, pois era mais fácil pronunciar o nome «Nero», sendo a fábrica mais conhecida na vila como a «fábrica do Nero».A fábrica lançou no mercado, à data, marcas como: Atum Catraio; Naval; Porthos; Rone e a Gremium.Esta fábrica possuía uma secção de corte e descabeço do peixe, pelo menos três autoclaves para a esterilização das conservas, uma sala de enlatamento, uma secção de enchimento de latas com azeite e de cravação, onde existiam, pelo menos duas cravadeiras, também existiam lavadoras de latas, uma caldeira a vapor e um armazém onde eram produzidas as latas vazias.Por volta da década de 1940, o peixe, em Sesimbra, começou a diminuir. Amadeu Henrique Nero estava, nessa altura, preparado para deslocalizar a sua fábrica para Setúbal, onde encontrava maiores facilidades pois, no passado, a sua família havia aí possuído unidades de salga de peixe, as chamadas «estivas».Segundo José Nero, um primo de Amadeu, Augusto Soromenho, que tinha uma fábrica em Setúbal e a havia transferido para Matosinhos, incentivou-o a também mudar para o norte, convencendo-o que seria ali que ganharia «muito dinheiro». E assim aconteceu, começando a Nero & Cª (Sucessores) Ldª, a laborar em Matosinhos, a 11 de Novembro de 1944.
História custodial e arquivística
A firma Nero & Cª. (Sucessor), Lda. foi fundada em 1912, em Sesimbra, por iniciativa do Sr. Amadeu Henrique Nero, cuja primeira denominação foi Fábrica de Conservas “A Persistente”. O nome colectivo da sociedade era Paschoal, Nero & Cª, com sede em Sesimbra.Em 22 de Janeiro de 1917, o sócio José Joaquim Paschoal retira-se da sociedade e a firma passa a denominar-se: Borges, Nero & Cª.Em 17 de Agosto de 1918, o sócio Artur Duarte Borges retira-se da sociedade e a firma passa a denominar-se: Nero & Cª.Em 6 de Agosto de 1920, é feita a escritura da firma Nero & Cª para um período de 19 anos. Em 21 de janeiro de 1928, Amadeu Henrique Nero comprou a parte dos seus dois sócios, pagando a quantia de 9.000$00 (nove mil escudos) a cada um deles, continuando a firma a denominar-se Nero & C.ª, e a ser administrada só por Amadeu Henrique Nero.Em 19 de Maio de 1932, Amadeu Henrique Nero dissolve a firma Nero & Cª, para em 15 de Junho de 1932, formar a firma Nero & Cª (Sucessor), Lda. A escritura foi feita em 15 de Junho de 1932.Em caso de morte ou de interdição de qualquer dos três sócios de Amadeu Henrique Nero, os herdeiros ou representantes recebem a cota e os lucros constantes no balanço, à data do óbito ou da sentença. No caso de morte ou interdição do Sócio Amadeu Henrique Nero, os herdeiros ou representantes, continuam a gerir a sociedade.Os três Sócios de Amadeu Henrique Nero, tinham uma firma em Lisboa, a C. Reis, Lda. que tratava dos negócios da empresa Nero & Cª (Sucessor), Lda. Esta empresa, instalou-se em Matosinhos, em 11 de Novembro de 1944 num edifício antigo, situado na Rua dos Camachos, com a Rua do Burgal, n°24/27.Amadeu Henrique Nero, nasceu em Sesimbra a 23 de Agosto de 1889 e faleceu em Matosinhos a 26 de Fevereiro de 1950. O seu sucessor na gerência da empresa foi o seu filho Amadeu Rodrigues Nero, nasceu em 1916 e faleceu em 1982 ficando à frente da empresa os seus filhos, Luís Filipe Mesquita Nero (faleceu em 1993) e José Manuel Mesquita Nero.Atualmente quem está ligado à actividade comercial e industrial é José Manuel Mesquita Nero.
Fonte imediata de aquisição ou transferência
Por doação de José Manuel Mesquita Nero
Âmbito e conteúdo
O conjunto documental é referente à atividade da indústria conserveira Pascoal Nero e Companhia, sendo constituído maioritariamente por livros de inventários e balanços da firma, livros de diário, escrituras, fotografias e logótipos da companhia Nero e Cª.
Sistema de organização
Não tendo sido possível identificar ou reconstituir a organização original da maior parte do acervo, e respeitando os princípios da arquivística, entendeu-se proceder à organização e classificação, de acordo com três critérios principais: orgânico, funcional e por tipologia documental. Dentro de cada uma destas subdivisões os documentos foram ordenados cronologicamente.
Condições de acesso
Encontram-se definidas no regulamento do AMS que prevê algumas restrições tendo em conta o estado de conservação dos documentos. Os pedidos serão analisados caso a caso, de acordo com as normas que regulam os direitos de propriedade do Município de Sesimbra e a legislação sobre direitos de autor e direitos conexos.
Condições de reprodução
Encontram-se definidas no regulamento do AMS que prevê algumas restrições tendo em conta o estado de conservação ou o fim a que se destina a reprodução dos documentos. Os pedidos serão analisados caso a caso, de acordo com as normas que regulam os direitos de propriedade do Município de Sesimbra e a legislação sobre direitos de autor e direitos conexos.
Idioma e escrita
Português
Instrumentos de pesquisa
ARQUIVO MUNICIPAL DE SESIMBRA - [Base de dados de descrição arquivística]. [Em linha]. Sesimbra, 2023. Disponível no Sítio Web. Em atualização. Inventário.Guia do Arquivo Municipal de Sesimbra.
Existência e localização de originais
Depósito do Arquivo Municipal de Sesimbra.
Unidades de descrição relacionadas
Arquivo Pessoal: Fundo José Manuel Nero
Notas de publicação
Referência bibliográficaALMEIDA, Andreia da Silva, A indústria Conserveira de Sesimbra (1933-1945), Memórias da Indústria Conserveira Portuguesa - Berlim : Novas Edições Académicas, 2015.
Referência bibliográficaFREIRE, João (2012), Dicionário Histórico de Militantes Sociais, Grupos Libertários e SindicatosOperários, [Consult. a 06/02/2019]. Disponível em: http://mosca-servidor.xdi.uevora.pt/projecto/index.php?option=com_dicionario&view=search&Itemid=49
Relações com registos de autoridade